Perdas na safra do trigo na Rússia, a principal fornecedora do produto para o Brasil, está provocando o reajuste no preço do pão e de outros derivados, que já está sendo repassado por algumas panificadoras aos consumidores campinenses. O preço do quilo do pão, que varia entre R$ 4 e R$ 6, deve ficar em média 10% maior, de acordo com o presidente da Associação dos Panificadores, Afonso Luís de Melo, e o repasse para o consumidor vai depender do estoque da matéria-prima de cada estabelecimento. Segundo ele, o último reajuste, que também foi de aproximadamente 10%, aconteceu há dois anos e neste período, eles tiveram aumento nos preços do óleo, da margarina, da energia elétrica e da mão de obra, sem que tenha havido repasse para os consumidores.
Outros produtos derivado do trigo que podem sofrer alteração no preço por conta da redução da oferta do trigo no mercado externo são os biscoitos, os bolos e o macarrão. No caso do pão, que necessita de maior quantidade de matéria-prima, o reajuste é mais acentuado e o tempo para que o repasse do reajuste chegue aos consumidores vai variar de acordo com o estoque de cada estabelecimento, à medida que os proprietários forem adquirindo o produto com os novos preços, em torno de 40% maiores. Outros países fornecedores da matéria-prima das massas são Argentina, Canadá e Estados Unidos, que também reduzem a exportação para evitar a falta do produto no seu mercado interno.
Na próxima terça-feira, na sede da Associação dos Panificadores, os proprietários dos estabelecimentos estarão reunidos discutindo a questão. De acordo com Afonso, a reunião não será para determinar o reajuste de preços dos derivados do trigo, porque no casos das panificadoras existe o livre mercado e vai depender de cada uma delas optar pelo aumento no preço dos produtos ou não. Os novos preços devem variar em cada padaria, dependendo da planilha de custos de cada estabelecimento.
Desde junho, o valor da tonelada do trigo aumentou de US$ 225, aproximadamente R$ 394,para US$ 300, que correspondem a aproximadamente R$ 525. O Brasil consome 11 milhões de toneladas de trigo por ano, das quais 6 milhões são importadas, o que comprova a dependência do mercado internacional. De acordo com a associação, Campina Grande possui aproximadamente 300 panificadoras e pelos menos cem delas devem funcionar na clandestinidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda como ideal para cada pessoa o consumo de 60 quilos de pães por ano.